sábado, 18 de outubro de 2008

SETEMBRO DE 2008

Setembro de 2008 foi marcado pela organização e realização das “Olimpíadas” do Projeto; oficialmente os “I Jogos do Projeto de Gente”.

Essa idéia já havia sido lançada desde antes do início das outras olimpíadas – as de Beijing 2008 - mas resolvemos esperar o término daquelas para esperar a possível inscrição de atletas que, naquele momento, estavam na capital da China.

Nossas modalidades esportivas foram: bandeirola, queimada, corrida com ovo, corrida com saco, corrida de mão (plantando bananeira), carrinho de mão, cordão (passar, andando para frente, por baixo de um barbante que vai se abaixando), embaixadinha, peteca, vôlei em dupla, xadrez, damas, dominó, tabuada, soletração, corrida de velocidade (alguns... bons... metros rasos) e salto em distância. Tal número de modalidades exigiu um esforço de logística impressionante por parte dos projetistas destes jogos.

O fato é que o pessoal de Beijing não compareceu. Concluímos que ou estavam desgastados por aquelas competições, mais o fuso horário, se porventura viessem, ou “amarelaram” mesmo. As opiniões se dividiram. Razoável!

Agora, falando sério: primeiro, nos atentamos para as regras que seriam seguidas nas provas. Uma proposta foi que não existisse a figura tradicional do juiz. Esta proposta aconteceu por conta da observação de um dos educadores sobre a ética com que as crianças jogavam queimada – um jogo em que, muitas vezes, a bola “pega” de raspão – trisca – um jogador que pode ou não acusar o lance. Ficou decidido que os próprios competidores seriam os juízes de si mesmos; que um observador estaria atento para resolver eventuais dúvidas; que o observador apenas interferiria se convocado pelos jogadores; que a decisão deste observador, nestes casos, seria plenamente aceita. Foi também decidido, em roda, que haveria, sempre que necessário, uma divisão por categoria de idade, peso, tamanho ou qualquer outra condição que implicasse em forte vantagem para certo competidor. Os times foram, então, formados buscando um equilíbrio de forças entre seus componentes. Assim, nas práticas coletivas, havia criança muito pequena jogando ao lado de outra grande. Foi interessante perceber táticas sendo elaboradas para que o jogo fluísse nessas condições (era divertido ver um pequenino escondido atrás do grandalhão que o protegia no jogo de queimada, por exemplo; ou um grupinho de pequeninos correndo juntos daqui p’racolá na bandeirola).

Por outro lado, também foi possível perceber como que, quando o jogo “vale ponto”, a ética fica ameaçada. Por mais de um momento aconteceram discussões que nas queimadas fora dos Jogos não aconteceriam. Belos temas para discussão e comentário depois dos jogos, tanto em conversas informais quanto nas rodas daqueles dias... e assunto para muitos dias. Essa circunstância também propiciou bons momentos de lealdade e integridade.

Os Jogos também puseram em evidência nosso problema em relação à reduzida equipe adulta de trabalho. Os poucos educadores precisaram se desdobrar para dar conta do recado. Também a questão da flutuação das crianças (comentado no diário de agosto), por vezes, dificultava a realização das provas nos tempos previamente combinados. Volta e meia recebíamos um recado dizendo que o menino ou a menina não poderiam vir naquele dia porque a mãe teve que ir trabalhar e a criança tinha que ficar tomando conta de outra criança – um exemplo. Nestes momentos ficou combinado (um aprendizado da prática) que os jogadores se reuniriam e decidiriam como fazer: a preferência era, sempre que possível, adiar a prova para que aquela criança pudesse participar; quando de todo impossível, ela era substituída por um companheiro ou companheira. Naturalmente que nas provas individuais tentamos sempre o bom momento em que todos os competidores estivessem presentes. Isto fez com que o cronograma das competições fosse ajustado a cada dia. Um bom exercício de tolerância, camaradagem e flexibilidade. Claro que, em alguns momentos, foi necessário viver a frustração de não ter todos os competidores reunidos para uma prova que não podia ser mais adiada. De toda maneira, bons exercícios.

Para registro:
Na bandeirola, competiram os seguintes times:
Vermelho – Allan, Flávio, Jaqueline, Mireli e Juliene
Laranja – Tássio, Flávia, Lidimara, Laiara e Tales
Amarelo – Rafael, Sula, Maciele, Iasmine e Sabrina
Verde – Douglas, Ana Paula, Eviton, Mávila e Vanderson
Azul – Renato, Letícia, Neuziane, Andrieli e Messias
Branco – Paraíba, Weber, Marina, Clayton e Abimael
O time Vermelho ganhou o torneio.

Na queimada:
Vermelho – Allan, Flávio (Sula), Jaqueline, Robson (Andrieli), Mireli e Juliene (Luli)
Laranja – Tássio, Douglas, Flávia (Sol), Jonas, Lidimara (Luli) e Juliele (Laiara)
Amarelo – Rafael, Ioane, Sula, Carlos Germano, Maciele e Ingrid
Verde – Douglas (Rafael), Ana Paula (Ismael), Eviton (Aurélio), Maiara (Flávia e Gistavo), Mávila e Iasmine
Azul – Renato (Andréia), Igor (Gustavo), Sabrina, Carlos André (Daniel), Letícia e Vanderson
Branco – Paraíba, Weber, Ramon, Marina (Sol), Clayton e Abimael
O time Vermelho ganhou o torneio.

Na soletração ganhou a Letícia, seguida pelo Flávio; e na competição de tabuada, ganhou o Aurélio, seguido pelo Ioane.

Dominó: Eviton, seguido pelo Aurélio e o Vanderson. No Cordão, ganhou a Maciele.

Na corrida de carrinho de mão: Talita e Juliele, entre os pequenos e Allan e Tássio entre os grandes.

As provas de velocidade foram divididas em três categorias:
A – Flávio ganhou; Aurélio, Ioane e Douglas seguiram.
B – Jonas venceu; Carlos André e Rafael logo depois.
C – Flávia ganhou; seguiram Maciele, Juliene e Juliele (essas duas, gêmeas, empataram!)

Na corrida de mão, ganhou o Carlos André; Douglas, Jonas e Guilherme também competiram.

O Ramon fez 21 embaixadinhas, ganhou; Renato, Douglas, o outro Douglas, Aurélio, Gustavo, Flávio, Rafael e Clayton também jogaram.

No torneio de vôlei, jogaram as seguintes duplas: Ioane e Rafael, Sol e Marlon, Neuziane e Sula, Tássio e Allan, Flávio e Igor, Eviton e Gustavo. Fizeram a final: Ioane e Rafael contra Tássio e Allan. Vencedores, depois de um jogo emocionante: Tássio e Allan

O salto em distância também foi dividido em três categorias:
A – Igor pulou 3,44m; Renato, 3,14; Douglas, 3,17 e Ioane, 3,14
B – Douglas, 3,70; Aurélio, 2,93; Rafael, 2,70; Flávio, 3,15 e Douglas, 3,21
C – Eviton, 2,82; Carlos André, 2,50, Lucas, 2,65 e Jonas, 2,65

Corrida com ovo; 2 categorias: Letícia correu mais do que a Talita e o Ioane; Carlos André mais do que a Sula e o Sol.

Na corrida com saco a Sabrina foi mais rapidinha do que a Maciele e o Ioane; e o Douglas mais do que o Sol e a Iasmine.

No torneio de peteca venceram o Allan e o Rafael; a Flávia e o Gustavo.

Xadrez: Allan, Ioane, Degenan e Sol chegaram ao quadrangular final. Infelizmente, o Degenan não pode fazer os jogos finais; ganhou o Ioane.

Neste ponto, lamentamos, muito lamentamos, a impossibilidade da continuação do trabalho do Paulinho Matos que trouxe o xadrez para o Projeto de Gente. Infelizmente, ele não pode continuar com a gente; porém, deixou uma fantástica semente – que, de verdade verdade, já deu até broto. Paulinho, nosso mestre de xadrez, não ensinou apenas que a dama anda para todo lado ou que o cavalo pula outra peça que estiver no caminho de seu ”L”, ensinou a linguagem e o valor dos combinados, das regras que organizam harmonia, bem-estar e alegria, convivência e vivência – quantas vezes não ouvimos, em pequenas vozes, o famoso: “peça tocada é peça jogada”. Apresentou o jogo para muitas crianças, descobriu apaixonados - feito ele -, e deixa saudades! Porta aberta, companheiro! Os tabuleiros pintados na tábua estão aqui e a criançada segue jogando (sempre de olho na porta aberta!). Aliás, Ioane, Allan, Sol, Degenan, Robson e Rafael resolveram criar o Grupo de Xadrez do Projeto de Gente – grupo sempre aberto e com a função de ensinar o que aprenderam para os novos que quiserem chegar.

No fim houve a premiação. As medalhas forma confeccionadas em plaquinhas de fórmica que a Monica, arquiteta, havia oferecido, há muito tempo, junto com muitos outros materiais. Ficaram lá esperando o momento preciso para ressurgirem do fundo do baú. Todos receberam suas medalhas, seja pela participação seja por terem conseguido, com seu melhor esforço, um resultado melhor do que os outros competidores que também deram tudo que podiam. Durante toda a competição conversávamos muito sobre a supervalorização do 1º lugar.

Além disso, foram criadas medalhas que premiaram pessoas que atuaram de forma justa. Por exemplo, o Sol recebeu uma medalha por ter vibrado de alegria quando os dois times propuseram refazer um jogo em que ele, Sol, havia se equivocado em uma decisão quando era o observador do jogo. Ele já havia decidido, percebeu, depois, o erro, comentou com todos e, no dia seguinte, foi surpreendido com a decisão dos jogadores. Foi muito bonito vê-lo vibrar por saber que seu erro, afinal, não iria prejudicar claramente um dos times. Louve-se também a atitude dos times, principalmente a do beneficiado pela decisão errada. Ioane e Rafael receberam medalha pelo belo exemplo de companheirismo quando, jogando contra um time claramente superior, não perderam a elegância, elogiando o parceiro a cada jogada e jogando com raça até o resultado final. Houve uma premiação especial para as pessoas que torceram muito por seus escolhidos e, elegantemente, não mangaram dos adversários.

Assim terminou setembro. Neste fim de mês recebemos a notícia que será necessário entregar a casinha do Projeto até junho de 2009. Já iniciamos a busca por um novo espaço. Também neste fim de mês fomos procurados pela Milena e o Luiz – donos da Pousada Rio do Peixe – que deram a idéia e se ofereceram para comprar cartões de fim de ano confeccionados, em papel reciclado, pela moçada do Projeto de Gente. Estamos, junto com o pessoal da Patrulha Ecológica, iniciando os preparativos para esta atividade.

Gente, seguimos em busca de patrocínio e adesões à Associação Projeto de Gente.
Até o mês que vem!