segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Julho - 2010

Mês de férias. 15 dias. Os acontecimentos dos últimos meses trouxeram, com mais evidência, reflexões sobre a dinâmica cotidiana do Projeto de Gente. Os principais pontos: como fortalecer a democracia, como incrementar a divisão de responsabilidades, como mostrar que, aqui, cada um é responsável por si e também pelos demais, como trabalhar a importância da livre manifestação ao lado do outro – isto é, como viver a liberdade com o outro.

Um elemento dominou, naturalmente, o centro destas reflexões: a democracia, o aprendizado do comportamento democrático acontece na vivência cotidiana dela mesma. Para que este rito iniciático aconteça é necessário a participação efetiva dos membros da comunidade. Como já nos referimos, em outros diários, o Projeto não tem obrigatoriedade de presença. Concluímos, por vários motivos, que estabelecer esta prática levaria ao esvaziamento do trabalho. O principal motivo seria a natural reação das crianças contra tal obrigatoriedade - “já somos obrigados a ir na escola, e, agora, também neste tal de projeto!”.

Contudo, a questão que se organiza com a não obrigatoriedade é, justamente, uma vivência menos efetiva da prática democrática. Por exemplo: em certo dia a Roda, com 15 participantes, levantava importantes questões. Ótimo!, porém, como as soluções não puderam ser concluídas neste dia acontecia que, na próxima Roda, também com 15 participantes – mas, 11 diferentes da anterior –, não se conseguia fechar o assunto. Tínhamos várias primeiras Rodas!

Foi neste contexto que a possibilidade de criarmos um Escola Projeto de Gente foi ganhando força. Numa escola, constituída oficialmente, teríamos a questão da regularidade de presença naturalmente resolvida. Outro ponto vantajoso: a participação das famílias também tenderiam a ser mais natural. Mesmo do ponto de vista do principal propósito do Projeto de Gente – o acompanhamento do Processo de Individuação de cada um de seus participantes – haveria um ganho extraordinário por conta da possibilidade de estarmos mais próximos dos meninos e meninas.

Assim, começamos a conversar com a moçada sobre o que é uma Escola Democrática. Foi muito fácil perceber a adesão de muitos meninos e meninas. A princípio por conta de questões como a ausência de provas, por exemplo; mais adiante, compreendendo melhor a dinâmica desta proposta pedagógica, percebendo outras, e mais profundas, atrações.

Problemas também eram percebidos por eles: “mas, se a gente vira uma escola, o que vai acontecer com os caras que o pai ou a mãe não queiram que o filho esteja aqui?”; “será que meus pais vão concordar?”; “é uma escola paga?; “quanto vai custar?”; “dá diploma igual a outra escola?”. A moçada é esperta!

A ideia está lançada! Também começamos a conversar com os apoiadores do Projeto de Gente, aqui em Cumuruxatiba e no Rio de Janeiro.

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